Niterói, 02 de novembro de 2015
Segue na íntegra entrevista ralizada como parte da reportagem do trabalho final para a discilina de jornalismo internacional oferecida pelo IACS da UFF e ministrada pelo professor Pedro Aguiar. A entrevista será uma análise por um especialista na área de política internacional e economia política internacional , para entender melhor os recentes acontecimentos na Colômbia, que sofre uma crise diplomática com a Venezuela e realizou um acordo de paz com as FARC (forças armadas revolucionárias colombianas). O convidado para a entrevista foi o Dr. Fernando Roberto de Freitas Almeida, professor da Universidade Federal Fluminense do Instituto de Estudos Estratégicos , lecionando no departamento de estudos estratégicos e relações internacionais, também é colaborador de diversos jornais, revistas e periódicos, nacionais e internacinoais, como Sputinik Brasil e a Rádio Voz da Rússia.
[Anderson Amendola]
Como
eu tinha explicado antes a reportagem será realizada para a disciplina de
jornalismo internacional, ministrada pelo professor Pedro Aguiar do IACS da
UFF, com o objetivo de entender melhor os recentes acontecimentos na Colômbia,
que sofre uma crise diplomática e com a Venezuela e está realizando um acordo
de paz com as FARC (forças armadas revolucionárias colombianas), sendo o senhor
o professor convidado como especialista em politica internacional e economia
política internacional. Para iniciarmos gostaria que o senhor explicasse em
linhas gerais como se desenvolveu a "crise diplomática" entre
Venezuela e Colômbia?
[Fernando Almeida]
Olá,
vou precisar sair daqui a pouco e será melhor prosseguirmos mais tarde. Sobre a
crise atual, é derivada de um deslocamento de colombianos para a Venezuela, ao
longo de vários anos. Estima-se que a Colômbia tenha cerca de 6 milhões de
pessoas deslocadas internamente, devido à guerra civil. Também se estima que
haja entre 4 e 5 milhões de colombianos vivendo na Venezuela. A economia
venezuelana atual é altamente subsidiada e muitos colombianos vão até lá para
se abastecerem de diversos produtos, que acabaram sendo usados no contrabando.
Um grupo de contrabandistas colombianos (segundo autoridades venezuelanas)
atacou soldados da Venezuela e isso acarretou o começo das expulsões dos
colombianos que vivem na região da fronteira. Por trás disso, há tensão
permanente derivada da acusação colombiana de que a Venezuela apoiaria a
guerrilha das Farc. Claro que a crise econômica venezuelana faz com que o
governo de Maduro venha a se preocupar muito com esses problemas.
[Anderson Amendola]
2/11/2015 18:29
Sem problema professor,
eu vou fazendo as perguntas e o senhor pode ir respondendo quando tiver um
tempo livre, agradeço novamente pela sua disposição e peço mil desculpas pelo
nosso desencontro. A segunda pergunta seria: Qual a posição dos Brasil, dos EUA
e dos demais países latino americanos (os principais) em relação a essa
questão? Apoiam a Venezuela ou a Colômbia?
[Fernando Almeida]
2/11/2015 18:30
No que se refere aos
EUA, sempre apoiarão qualquer situação que enfraqueça a Venezuela.
Os demais costumam ser
observadores que entendem as razões da Venezuela. O fato de a Colômbia ter sete
bases militares estadunidenses e receber grande ajuda financeira dos EUA torna
o país um tanto isolado no ambiente político sul americana atual.
[Anderson Amendola]
2/11/2015 18:36
Qual seria o órgão
internacional que tem mais legitimidade ou teria mais poder e influência para
resolver a controvérsia pacificamente? A OEA ou a UNASUL?
[Fernando Almeida]
2/11/2015 18:38
Para a Colômbia,seria a
OEA, mas ela é vista como instituição pouco confiável pelo Mercosul e outros
países,em razão do peso dos EUA e do Canadá. A Unasul, como entidade apenas
regional, é mais aceita.
[Anderson Amendola]
2/11/2015 18:46
Ocorreu um
"tentativa" de Golpe apoiado pela CIA quando o ex-Presidente Chavez
estava no poder. Acredita que exista alguma pressão externa pela retirada do
presidente Maduro do Poder na Venezuela? Caso positivo, essa pressão se
limitaria aos Estados Unidos?
[Fernando Almeida]
2/11/2015 18:50
O golpe de 2002 é o
único que foi documentado do inicio ao fim por uma equipe de jornalistas
europeus e é simbólico para o Chavismo. Um dia antes dele, as lideranças
golpistas estiveram em Washington. A Venezuela é um país com forte clivagem
interna, há muito tempo, mas não teve o ambiente político convulsionado pelas
guerrilhas, como a Colômbia teve. Há muita pressão externa e vem dos EUA. Eles
chegaram ao absurdo de considerar o país sul americano uma ameaça à sua
segurança nacional, o que chegou a ser patético e motivo de estranhamento em
todas as chancelarias da América do Sul.
[Anderson Amendola]
2/11/2015 18:55
Mas até que ponto esse
"fechamento" das fronteiras é uma política viável? Essa crise não
seria uma forma do Presidente Maduro encobrir a grave crise econômica que
afunda o país por meio da criação de um "inimigo" externo?
[Fernando Almeida]
4/11/2015 00:20
É possível essa
utilização, mas é a Colômbia que tem mais de 4 milhões de patrícios na
Venezuela (que tem cerca de 30 milhões de habitantes) e não o contrário.